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09/12/2011

Documentário registra a vida de Lenira Borges

A história de dedicação à dança da grande dama do balé capixaba, Lenira Borges, foi eternizada em um DVD e em um livreto em mais uma iniciativa do Governo do Estado, por meio da Secult, em parceira com o Instituto Sincades para preservar e difundir a cultura no estado. “Lenira Borges – Uma vida para a dança” foi produzido pela ex-aluna de D. Lenira e diretora da Cia de Dança de São Paulo Inês Bogéa e lançado dia 06 de dezembro no Theatro Carlos Gomes.
 
O projeto registrou a influência e a importância para a dança capixaba da mestra Lenira Borges, já que o legado da professora de várias capixabas ao longo dos último 50 anos se mistura com a história da dança do Espírito Santo.
 
Para D. Lenira, a iniciativa fez um resumo de toda a história da dança no Estado e de sua própria história. “É a semente de tudo que temos na dança no Espírito Santo. Fala de como comecei e como foi a evolução da dança até hoje”, diz.
 
Ela conta que foi uma surpresa fazer parte de um documentário contando essa história. “Não esperava essa homenagem. Foi uma surpresa muito grande assistir a alguns depoimentos. Fiquei muito feliz com o que falaram”.
 
Para a autora Inês Bogéa, o documentário dialoga com outras histórias de grandes nomes dessa arte do cenário nacional. “Pouco a pouco temos um mapa da dança em movimento. Essa cartografia é feita das muitas vozes, dos encontros, das memórias e das imagens da nossa dança”, diz.
 
O Folclore Irlandês, da Academia Lenira Borges Ballet Studio deu show em sua apresentação na abertura do evento.
 
Documentário
O curta-metragem, com 26 minutos de duração, acompanhado de um livreto com um texto histórico, mostra aulas, fotos e vídeos antigos e traz depoimentos captados especialmente para este filme com a própria Lenira Borges, ex-alunos e parceiros dessa arte, imagens de arquivos pessoais, de alunos dessa grande mestra e imagens da TVE. Por meio destas conversas é possível focalizar as idéias transmitidas por D. Lenira e traços da dança capixaba.
 
Tudo contribui para resgatar um pouco da história, da trajetória e experiências de Lenira Borges, nome de extrema importância no cenário da dança capixaba, não somente por seu pioneirismo no ensino da dança, mas também pela formação de inúmeros artistas. Ao mesmo tempo, o projeto mostra traços da história do dança no estado e no país.
 
O objetivo é transmitir por meio de depoimentos, imagens e vídeos, parte da história da dança capixaba, além de ampliar a reflexão sobre essa grande personalidade da dança.
 
História
Lenira Borges nasceu no dia 1 de maio de 1923 em Porto Alegre (RS) e teve aulas com grandes nomes do balé como a professora Tony Seitz Petzhold, os mestres Vaslav Veltchek, Tatiana Leskova, Walter Nickes, Valery Taylor, Claude Newman e Vera Kumpera.
 
D. Lenira foi pioneira do ensino da dança clássica em Vitória e a história da dança do Espírito Santo e seu nome se misturam. Ela veio para Vitória em 1961, quando fundou a atual Academia Lenira Borges - Ballet Studio e nesses 50 anos de trabalho formou gerações de dança que são destaques no cenário nacional e internacional. Em 1963, D. Lenira se formou pela Royal Academy of Dancing, passando a adotar este método.
 
Grandes nomes da dança capixaba hoje estudaram em sua escola (Karla Ferreira, Mitz Martucci, Judith Ottoni, Ingrid Mendonça). Professora de grande talento, ela formou bailarinos que dançam em grandes companhias do Brasil, como Josenir Coutinho (Ballet do Theatro Municipal do RJ), Armando Aurich (Balé da Cidade de São Paulo), Letícia Muniz (Alemanha), Inês Bogéa (diretora da São Paulo Companhia de Dança), Lívia Rangel (Balé de Minas Gerais e hoje no Meia Ponta Cia de Dança MG).
 
Com o objetivo de formar artistas bailarinos, D. Lenira sempre convidou grandes nomes da dança para darem cursos em sua academia, como, por exemplo, Eliana Karin (RJ), Mônica Gordilho (BA). Ciente da importância do contato dos artistas com o palco formou o Grupo experimental de dança do Espírito Santo (1976), convidando coreógrafos de relevência na cena nacional e internacional como Renato Magalhães, Renato Vieira, Otis Blockington, Dalal Achcar, Mercedes Baptista, Ciro Barcelos, Sylvio Dufrayer, Tíndaro Silvano, Lúcia Vieira.
 
Uma batalhadora de espaços para a dança foi responsável, em boa medida, pela reinauguração do Theatro Carlos Gomes em 1970, na gestão de Cristiano Dias Lopez. Desta maneira colocou em contato com o mundo da dança não só os alunos, mas também o público que assistia a seus espetáculos.
 
Após tantos anos de trabalho dedicado à dança e ao engrandecimento da cultura capixaba, Lenira Borges recebeu vários títulos. O de cidadã vitoriense, em 1987; o de cidadã espírito-santense, em 1989; a medalha de mérito artístico de dança - CBDD; diploma de personalidade feminina capixaba da AFESL; e o título de honra ao mérito pelo Dia Internacional da Mulher, concedido pela Câmara Municipal de Vitória. Em 2002 foi a grande homenageada no V Festival Nacional de Monólogos, da Secretaria de Cultura de Vitória.
 
Sobre a diretora
Inês Bogéa é autora de mais de 25 documentários sobre dança com destaque para biografias, como, por exemplo, sobre Renée Gumiel, Kaluss Vianna, Maria Duschenes, Tatiana Leskova, Ana Botafogo, entre outros.
 
A documentarista e escritora Inês Bogéa é diretora da São Paulo Companhia de Dança e professora no curso de especialização em Linguagens da Arte da Universidade de São Paulo/Maria Antônia.
 
Foi crítica de dança da Folha de S.Paulo de 2001-2007 e é autora dos livros infantis: O Livro da Dança (Companhia das Letrinhas, 2002) e Contos do Balé (CosacNaify, 2007).