Sentir-se parte para preservar o patrimônio histórico
Estudantes, representantes da sociedade organizada e proprietários de imóveis históricos do sítio histórico de Itapina, distrito de Colatina, participaram do segundo Seminário de Educação Patrimonial de Colatina, realizado sábado (27), na Escola Municipal Maria Ortiz. Foi uma oportunidade para a comunidade discutir, com especialistas, os riscos ao patrimônio cultural e as formas de preservá-lo.
A subsecretária de Estado de Patrimônio Cultural, Joelma Consuêlo Fonseca e Silva, explica que a preservação do patrimônio histórico e cultural só se dá à partir do momento em que a comunidade se empossa dos imóveis e do seu sítio, quando ela o toma para si. “Da mesma forma que preservamos o nosso patrimônio particular porque entendemos que ele é um bem nosso, precisamos entender que o patrimônio histórico e cultural abriga muito da nossa história e da nossa cultura, do que nos fomos e do que somos. Por isso, o maior risco que o patrimônio corre é o desconhecimento”, justifica.
O professor de Filosofia da Universidade Federal do Espírito Santo (UFES), Fernando Pessoa, reforçou a fala da subsecretária e, em sua palestra Patrimônio Imaterial e Riscos, destacou que preservar o patrimônio é preservar a identidade de um povo. “O patrimônio cultural é o que herdamos dos nossos antepassados e forma a nossa identidade”, disse.
Sobre a preservação do patrimônio imaterial, Pessoa destacou os desafios e os riscos, uma vez que são conhecimentos, práticas de pessoas, bens intangíveis, transmitido de geração em geração e constantemente recriado. “Como preservar a técnica de produção da panela de barro, do ticumbi, da forma de fazer a moqueca capixaba. Como cuidar para que esse patrimônio não se perca tem uma complexidade diferente do patrimônio material”, concluiu.
A arquiteta e urbanista, coordenadora do curso de Arquitetura da Univix, Viviane Pimentel, falou sobre Patrimônio Arquitetônico e Riscos, desmistificando a tese de que imóvel tombado não pode sofrer intervenções. “Preservar não é congelar, parar do jeito que está. É crescer com inteligência. Construções antigas podem sim abrigar funções atuais. O desafio é olhar para frente, fazer as intervenções necessárias à nova realidade, sabendo que precisamos preservar a originalidade e a identidade”, disse.
Viviane destacou a importância econômica da preservação do patrimônio arquitetônico e usou exemplos como Ouro Preto, em Minas Gerais, e Olinda, em Pernambuco, que recebem milhares de turistas todos os anos. “Se o casario antigo tivesse sido totalmente alterado ou dado lugar a prédios novos, esses locais dificilmente despertariam o interesse que despertam hoje. E eles se desenvolvem à partir disso. Com Itapina pode ser a mesma coisa. O casario é único e não existe em nenhum outro lugar. E isso a torna diferente”, reforça a arquiteta.