30/09/2010
Confiança do industrial volta a crescer em setembro
O Banco Central divulgou hoje o Relatório Trimestral de Inflação. No Sumário Executivo, a autoridade enfatiza que o ritmo de crescimento da atividade econômica mostrou alguma acomodação durante o segundo trimestre e destaca que o crescimento do PIB neste período foi sustentado pela demanda interna. Com relação ao mercado de trabalho, a acomodação da taxa de desemprego e o aumento da ocupação e do rendimento real devem persistir. Além disso, o bom desempenho da atividade proporcionou o aumento do crédito relacionado em um contexto de reduções nas taxas de juros e de inadimplência relativas às operações com pessoas físicas, bem como de alongamento dos prazos.
Dessa forma a d emanda por bens e serviços importados e o volume de remessas de rendas ao exterior contribuíram para o desempenho das transações correntes. Já a arrecadação federal deve ser favorecida pelo atual cenário de atividade forte e a sustentação da demanda. Por fim, o recuo da inflação no segundo trimestre foi dado pela redução dos preços de alimentos e pela sazonalidade do vestuário, principalmente.
Com isso, no cenário de referência, que pressupõe taxa de câmbio constante no horizonte de previsão em R$1,75/US$ e meta para a taxa do Sistema Especial de Liquidação e de Custódia (Selic) em 10,75% a.a, a inflação projetada é de 5,0% em 2010, o que representa um recuo de 0,4 p.p. em relação à projeção de junho. Para 2011, a projeção passou de 5% em junho p ara 4,6% e a projeção para a inflação acumulada em doze meses se posiciona acima do valor central da meta até o final de 2010 e oscila em torno desse valor nos trimestres posteriores, encerrando o terceiro trimestre de 2012 em 4,4% (ante 4,8% da projeção de julho). Já no cenário de mercado, a projeção para o IPCA de 2010 caiu 0,3 p.p. em relação a de junho e está em 5,0%, enquanto a projeções para a inflação acumulada em doze meses oscila em patamares superiores à meta até o final de 2010, mas recua ao longo de 2011 e encerra o ano em 4,6%. Para o terceiro trimestre de 2012, a projeção é de 4,3%.
A autoridade monetária considera como um risco à inflação o descompasso entre a demanda e a oferta, ainda que em menor magnitude do que no último relatório, sendo que o risco pode ser agr avado por mecanismos de persistência da inflação. Do lado externo, o menor ritmo de atividade pode gerar efeitos desinflacionários sobre os preços domésticos.
Após três quedas consecutivas, o Índice de Confiança da Indústria mostrou expansão e atingiu 113,9 pontos em setembro, uma elevação de 0,4% em relação a agosto, considerando os dados com ajuste sazonal. A alta foi provocada pela melhora do índice de expectativas, que cresceu 1,3% neste período, associado a um aumento a parcela dos industriais que prevêem aumento da produção nos próximos meses. Enquanto isso, o índice da situação atual permanece em queda (0,3% em relação a agosto, com ajuste sazonal), chegando a 114,7 pontos. O nível de utilização da capacidade instalada medido pela FGV chegou a 85% em setembro, ligeiramente acima do apurado no mês anterior, de 84,9%.
Após a enxurrada de dólares (entrada líquida de US$ 9,021 bilhões) pelo fluxo cambial na terceira semana de setembro, o movimento da quarta semana apresentou um resultado mais ameno, totalizando um superávit de US$ 736 milhões, segundo dados do Banco Central, divulgados nesta quarta-feira. O resultado foi fruto de um déficit comercial de US$ 1,879 bilhão, compensados por um superávit em operações financeiras de US$ 2,615 bilhões. Além disso, o influxo financeiro acumulado no mês (US$ 14,456 bilhões) já é o maior superávit registrado pela série histórica, superando os US$ 13,1 bilhões registrados em outubro de 2009, quando ocorreu o IPO do Santander Brasil. Quanto às atividades comerciais, as exportações totalizaram US$ 11,125 bilhões até a quarta semana de setembro, verificando-se um acréscimo de 40% na comparação com a média diária do mesmo mês de 2009, com decréscimo de 6,2% nas operações de ACC. As importações, por sua vez, somaram US$ 13,710 bilhões, com alta de 29,8% na mesma base de comparação. Sendo assim, o fluxo cambial é positivo em US$ 11,871 bilhões no mês e, no acumulado do ano, o saldo é superavitário em US$ 15,267 bilhões.
De acordo com os dados do Seade/Dieese, a taxa de desemprego na Região Metropolitana de São Paulo foi passou de 12,6% para 12,3% em agosto, em linha com os dados da Pesquisa Mensal de Emprego do IBGE, que também mostrou retração da taxa neste período. Em relação ao mesmo período do ano passado, a taxa recuou 1,9 p.p. este é o menor resultado para o mês de agosto desde 1992. Enquanto isso, a taxa de desemprego livre de influência sazonal permaneceu no mesmo patamar do julho, em 12%.
O Indicador de Nível de Atividade (INA) da indústria paulista, divulgado pela Fiesp apresentou alta de 0,4% entre julho e agosto considerando os dados com ajuste sazonal. O resultado corrobora a nossa expectativa de elevação de 0,7% da produção física nacional que será divulgada amanhã pelo IBGE.
As reservas de petróleo cru dos Estados Unidos diminuíram em 475 mil barris na semana passada, chegando a 357,860 milhões de barris em estoque, o mesmo ocorrendo com os níveis de gasolina, que registraram um recuo de 3,469 milhão de barris, passando para 222,589 milhões em suas reservas. A média de barris de petróleo importada diariamente durante a semana foi de 9,005 milhões, 317 mil barris a menos que na semana anterior, enquanto que a de gasolina foi de 881 mil, registrando uma aumento na média em 31 mil barris na semana.
MERCADOS
As bolsas lá fora cederam às especulações de que o Federal Reserve poderá adotar medidas para impulsionar a economia, além das renovadas preocupações com as dívidas soberanas de alguns países da zona do euro.Os papéis do setor bancário pesaram nas bolsas nos EUA depois de o Departamento do Tesouro anunciar que vai começar a vender ações preferenciais do Citigroup no mercado, na via de devolver ao setor privado a participação que assumiu, como uma das medidas para conter a crise financeira de 2008.
Também pesou o fraco desempenho das ações de bens de consumo, reagindo à forte valorização do petróleo. O índice Dow Jones recuou 0,21%, para 10.835,28 pontos; o S&P 500 declinou 0,26%, em 1.144,73 ponto s, e o Nasdaq registrou baixa de 0,13%, em 2.376,56 pontos. A alta firme das ações de Petrobras fez toda a diferença, salvou a Bovespa de uma realização de lucros mais acentuada nesta quarta-feira, marcada por perdas nas bolsas norte-americanas e europeias. Após alternar pequenas altas e baixas no decorrer do pregão, o Ibovespa encerrou a jornada no zero a zero, no mesmo nível da véspera, aos 69.228,24 pontos.
O descarregamento de prêmios encontrou espaço na declaração do ministro da Fazenda, Guido Mantega, dada ontem, após o fechamento do mercado, de que o governo não planeja fazer qualquer alteração no IOF neste momento; nas expectativas para o relatório trimestral de inflação amanhã; e nas especulações sobre um dado fraco para a produção industrial de agosto na sexta-feira. O DI janeiro de 2011 ficou de lado, oscilando de 10,66% para 10,67%; o DI janeiro de 2012 caiu de 11,59% no ajuste para 11,47%; o DI janeiro de 2013 recuou de 11,94% no ajuste para 11,82%; e o DI janeiro de 2014 cedeu de 11,90% para 11,80%. O dólar Ptax encerrou aos R$ 1,7053/US$, desvalorização de 0,023%.